quinta-feira, 22 de setembro de 2011

DIA INCOMUM

Hoje é um dia, no mínimo estranho.
Cheguei ao local de trabalho e as pessoas estavam “organizando” tudo que fosse possível. Sim, isso é no mínimo estranho para um local onde a sujeira já faz parte do cotidiano, onde sempre há uma ou várias baratinhas mortas nas escadarias. Onde os corredores são extremamente bagunçados e com armários empoeirados e inutilizados tornando-o ainda mais escuros e feios.
Um dia que temos de organizar as coisas unicamente por que um dos “grandões” estará aqui.
Quanto cinismo!
Aí está um evento que é no mínimo revoltante. Qual será o café que irão servir: o que é comprado pelo “trabalho” ou uma boa marca comprada especialmente para a ocasião? E mais: para quem ele será servido? Qual a roupa escolhida pelos “grandes” para o dia? Qual a cadeira oferecida?
Bem, pelo menos as escadarias continuam com a mesma sujeira de sempre e é bom saber que as boas roupas não mudam em nada o caráter das pessoas...
Tudo isso para um único dia falso! Amanhã, as coisas voltam ao normal: a sujeira vai se acumular, o café vai continuar sendo ruim, as roupas normais e sem cheiro de naftalina, as cadeiras velhas voltam para seus devidos lugares... e a vida continua.
E a falsa aparência de lugar bem estruturado e organizado foi passada com louvor por aqueles que se comprometeram em fazer o melhor paparico para aquele que nem vai lembrar da cara dos pobres mortais que aqui trabalham.
E pior ainda, o “grandão” vai embora, com seu novo cargo, fazer o possível para tornar o “trabalho” mais digno e para o bem comum ou vai ser a roubalheira política? Torço pela primeira opção.
Aliás, este cinismo deveria ser proibido por lei com punição de alta multa para quem não a cumprisse. Para que essa falsidade em mostrar o que não é verdade? Sim, se limpa e organiza a casa quando se recebe visita, mas, nesse caso, é o dono quem está chegando. Ele deveria ver a bagunça e a sujeira por trás de cada porta e colocar a “mão na massa”, mostrando que é possível ser um bom “grandão” e fazer o “trabalho” realmente funcionar.
Ele deveria conhecer de fato o quanto cada serviço trabalha e do que cada serviço é capaz, a fim de saber lidar com todas as dificuldades que serão impostas enquanto ele for o “grandão”. Claro que isso não se refere tão somente a sujeira dos corredores e ao café ruim, mas ao trabalho de fato: as falcatruas, as mentiras, aos roubos... aos “pidões de plantão” que se desfazem do que ganham assim que os convém... Quem controla tudo isso? Quem vai controlar e se esforçar para que as atitudes dentro do “trabalho” melhorem?
Enfim, o que se pode fazer é esperar. Ter esperança. Esperança de que as coisas mudem sempre para melhor.

Vanessa Fiorenza
22 de Setembro de 2011.